O copo vazio de pé na mesa que acua a janela parece esperar a chuva que é anunciada pelas nuvens escuras, pela moça bonita da meteorologia do jornal e, principalmente, pela dor no joelho esquerdo de dona Antônia, avó de Nina.
É a chuva se aproximar que a menina Nina, de oito anos, tenta se afastar. Às vezes é difícil sair de cena. Não dá para fugir do inevitável. Nina tremia mais que os trovões e chorava tanto quanto o céu nublado quando as nuvens decidiam despejar rios de tristezas e alegrias. Tudo depende de como e com quem acontece.
No entanto, o tempo passa. São águas passadas. Um dia, Nina tomou coragem e saiu da fortaleza de lençóis que erguia durante os dias de chuva. Olhou pela mesma janela limitada por uma mesa de madeira e no céu notou que o azul fica acima das nuvens carregadas. Não entendeu bem o que isso queria dizer, porém, se sentiu melhor e não teve mais medo de chuva. Por um tempo não teve medo de nada. Mas só por um tempo.
Hoje em dia, Nina é leitora de autoajuda e teme mesmo é que alguém furte seu celular (que tem um aplicativo que avisa se vai fazer sol ou não) enquanto ela digita mensagens e caminha pelas ruas de São Paulo, a terra da garoa.
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