segunda-feira, 12 de maio de 2014

Corte de cabeças

Quase sempre, eu usei o cabelo mais ou menos cumprido. Às vezes mais, às vezes menos. Por isso costumo cortar as madeixas em salões femininos. Não dirijo até barbearias. Nos salões de beleza, ouço e aprendo muito sobre mulheres, que são a coisa mais importante do mundo.

Essa semana, enquanto a cabeleireira me deixava menos Joe Ramone e mais Paul McCartney – do começo da carreira – a filha dela (de uns 10 anos) entrou no salão e foi logo arrepiando. A menina, revoltada porque a mãe não lhe comprou um esmalte mais caro, assim como uma cabeleira sem trato, desfilou (ou desfiou) rebeldia e quase fez a mulher que estava com uma tesoura na minha cabeça perder a razão. Tudo acabou bem e estou aqui escrevendo essas bobagens. Que bom. Ou não.

Para castigar a menina, a mãe deu um ultimato: “Rafaela, você está de castigo! Vá para casa, leia 100 páginas do livro de português e escreva duas redações de uma folha cada”. A menina se mostrou triste, ficou quieta e foi embora pagar sua punição.

Muitas pessoas nos salões da vida ainda enxergam educação como punição, castigo e prisão. Educação, que traz conhecimento, é justamente o contrário: é liberdade. Essa mãe (que é muito gente boa) reproduz muitas cabeças por aí, inclusive a de diversos governantes brasileiros.

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