terça-feira, 29 de abril de 2014

Show da vida

Eu estava na bilheteria do modesto teatro - onde trabalho fazendo tudo - quando um rapaz que usava um tênis que deixava as meias aparecer comprou o ingresso para assistir o show daquela banda de brega rock, que parecia ser a predileta dele. Mas ele parecia preferir não estar ali, ainda mais sozinho. Era como se faltasse um algo, como um integrante de uma dupla sertaneja.

A banda subiu ao palco e o astral do rapaz continuou meio baixo. O copo meio vazio. Eu, que no momento estava na mesa de som, me sentia incomodado com aquela grave situação. Porém, eu não podia fazer merda nenhuma e se fizesse alguma merda no meu trabalho, mais gente ficaria mal e eu desempregado, situação que, normalmente, faz as pessoas ficarem mal.

Até que uma hora, já perto do fim do espetáculo, enquanto eu estava cuidando da luz do evento, vi chegar uma moça mais bonita que as canções mais bonitas do Roberto. Ela, sozinha, parecia afoita, como se quisesse encontrar alguém e, para isso, se perdia no meio da pequena multidão.

Ela encontrou o rapaz das meias e tristeza aparentes e eles se olharam por poucos segundos sem falar nada – até porque o som estava muito alto. Aquela troca de olhares foi trocada por um beijo e no clímax de uma canção de amor os lábios dela devolveram o sorriso dele.

Hoje, aquela banda de brega rock voltou a tocar aqui no teatro e o casal está junto, dividindo emoções, enquanto eu aqui só acumulo funções.

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