quarta-feira, 19 de março de 2014

Veneno não é antidoto

É como apagar um incêndio com um vento que só tem força para espalhar o fogo. É como beber perfume na esperança de controlar o alcoolismo. É como brigar com as guardas e as caixas altas e querer alcançar a paz.

É mais ou menos isso que tem acontecido em qualquer debate ideológico nos últimos tempos, aqui no Brasil - basta olhar as redes sociais da vida. Para confrontar o oposto radical, muitas vezes, a retórica usada é retrógrada, sendo tão radical quanto.

Para se opor a uma democracia que culmina em alguns (muitos) políticos ruins, pede-se a anulação do voto, fim das eleições diretas. Contra um governo, que tem uma história na esquerda e que na opinião de muitos não funcionou tão bem, pede-se a volta da ditadura militar. Contra uma imprensa que tem interesses próprios, pede-se o fim dos jornais, revistas, rádios, sites e TVs. Sob o discurso de luta contra a violência, comete-se crime contra os direitos humanos.

Não é colocando um demônio no lugar do outro que se sai do inferno. Precisamos de menos radicalismo emocional e mais racionalismo. Abundância de ideias. Algo próximo ao meio termo - retirando o que há de melhor em cada extremo - é a melhor saída. Um caminho do meio. Reto. Sem tantas batidas de esquerda e direita.

Veneno não é antidoto, a não ser no caso de algumas cobras. De cobras, estamos cheios. Cobra que morde o próprio rabo, achando que vai se salvar.



2 comentários:

Paula S disse...

Assino embaixo! Palmas.

Ricardo Silva disse...

Muito bom, cara! Penso exatamente isso! Se conseguirmos conciliar as ideias, esse país deixa de ser o país do futuro.