Os exames eram cruéis e verdadeiros. A morte tinha cheiro. Sabia que não iria passar daquela solitária e isolada madrugada. Queria pedir perdão e perdoar muitas pessoas. Não daria tempo. Uma madrugada é pouco para uma vida inteira. Precisa de tempo, precisava de vida.
Atrasou todos os relógios, acendeu as luzes, ligou o forno, abriu as janelas, regou as flores do jardim. Queria enganar o que era iminente. A madrugada acabou. Como acaba a vida e os potes de sorvete.
O dia chegou. Não enganou ninguém. Nada, nada. No entanto, viu o sol nascer. Coisa que nunca havia feito antes.
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