sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Sentimentos Seletivos

Um amigo e eu caminhávamos e conversávamos pela triste e linda Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. É incrível como o carioca fica mais radiante no verão. O carnaval, que já se aproxima, também deixa a alegria mais caudalosa. Até o afogado Campeonato Estadual de futebol do Rio tem engrossado o caldo dessa felicidade.

O amigo e eu falávamos sobre vários assuntos. Hoje em dia é fácil encontrarmos pessoas que falam a respeito de diversas questões. Difícil é achar quem sabe o que está dizendo. Esse não é o caso do amigo. Ao passo que andávamos, o amigo e eu falávamos, inclusive, sobre paz, carnaval e futebol, que, de acordo com a música de Carlinhos Brown e Michael Sullivan - famosa na voz de Claudia Leite -, não mata, não engorda e não faz mal. E a rádio MPB FM que acabou.

Meu amigo entrou no trágico assunto Dona Marisa, companheira maior de Lula. “O ódio é seletivo”, dizia ele, ao sair lembrando-se das manifestações festivas com a notícia triste. Um horror. Um horror.
“O ódio é seletivo, Felipe”, ele insistia. Falava isso comentando que as mesmas pessoas que criticaram o horror dos opositores em relação ao estado clínico de Dona Marisa poderiam fazer algo parecido com alguém que não fosse de sua preferência pessoal, ideológica ou afetiva.

Ele ainda citou que muitas pessoas que defendem causas se valem do ódio seletivo e se revoltam com determinados alvos em detrimento de outros, tão nocivos quanto às suas bandeiras levantadas.
“A amizade também é seletiva”, destacou o amigo, acreditando que os abraços que FHC e Michel Temer deram em Lula foram sinceros. “Até os corruptos, os corruptores e os opositores, enfim, os políticos brasileiros, têm sentimentos”, salientava o rapaz.

Salvo alguns exemplos, concordei com o amigo. O ódio é seletivo. Os sentimentos são seletivos. Nós somos seletivos. Enquanto isso, um casal de idosos (muito velhinhos) selecionava um livro – com extrema atenção e zelo – em uma dessas bancas improvisadas que são montadas na cidade. Uma história de amor, eu supus.

Um comentário:

silvia cavallari disse...

Lindo final da história Felipe!