segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Às pequenas vitórias

A história da humanidade é contada pelos vencedores. Há quem tente dar outro foco ao passado, porém são as lembranças de grandes feitos que ficam. Entretanto, nem só de triunfos homéricos vive o homem. Normalmente não nos damos conta, mas as pequenas vitórias do dia-dia fazem toda diferença.

Há poucas semanas, eu estava conversando com uns amigos sobre carteira de habilitação. Ou carta de motorista, como chamam em algumas regiões desse Brasil desgovernado. Nossa! Como dá trabalho ter uma licença para dirigir em terras tupiniquins. Haja burocracia. Engarrafamento de stress.

Tirar a carteira de habilitação pode até ser considerada uma vitória de médio porte. Vou mudar o caminho da prosa, porque o que me interessa aqui são as pequenas vitórias, caminhos aparentemente curtos que levam a uma importância sem fim, mas pouco valorizada. Entre elas, no caso desse que vos escreve, estão: acordar cedo, conseguir realizar práticas esportivas diárias, não comer tanta besteira e assistir uma série por vez.

Acho que toda pessoa que começa uma dieta na segunda-feira e consegue se manter firme até a sexta da mesma semana merece uma medalha de honra ao mérito, entregue por algum representante do poder executivo. O mesmo deveria acontecer com os que entram em ônibus, trens e metrôs durante os horários de pico das grandes metrópoles.

Não é de hoje que a depressão é um dos males mais nocivos à humanidade. O índice de mortes ocasionadas por essa mazela só cresce. De acordo com especialistas, o sentimento de derrota gera uma forte frustração que, em muitos casos, culmina em grave depressão.

É de grão em grão que a galinha enche o papo. Talvez, se as pessoas valorizassem mais as pequenas vitórias diárias, o mundo seria um lugar menos triste, com menos gente frustrada, que acha que fracassou na vida só porque não tem o carro do ano, um apartamento de luxo ou emprego dos sonhos. O ser humano é um eterno inconformado, não adianta ter tudo isso, alguma hora, a pessoa vai querer o que não tem ou o que nem existe ainda. O que importa é conseguir espremer a pasta de dente da forma correta. Isso sim é ser bem-sucedido.

Escrever esse texto, depois de deixar esse antro de palavras perdidas sem atualizações por meses, foi uma pequena vitória. Pequena vitória que me deixou muito feliz. Espero que quem leia o texto sinta o mesmo. Não custa nada ter esperança. Esperança nas pequenas vitórias.

(Ao som de The Thirst - On the Brink)

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