sábado, 4 de outubro de 2014

Minha Religião

Sou de uma família católica. Nordestinos tendem a ter mais fé em Deus, apesar de tanto sofrimento e injustiça. Até certa idade, na medida do possível (ou seja, quando eu não sumia pra jogar bola nos campos da zona oeste do Rio), minha mãe me levava para as missas.

Fiz primeira comunhão e participei de um grupo de pré-adolescentes de uma das maiores igrejas católicas de Jacarepaguá, bairro onde nasci, fui criado e vivo até os dias atuais - até que uma obra da prefeitura derrube minha casa. Nesse período, eu fui um pouco religioso. Lembro que me sentia mal por ouvir rock, pois um padre me falou que alguns rocks eram coisa do capeta.

Com 14 anos, o rock entrou na minha vida de uma vez por todas e a culpa baixou o tom até se calar. Até bandas eu montei. Até músicas eu compus. Parei de ir à igreja e segui assim, desde então. Depois do rock, outros gêneros musicais fizeram minha cabeça. Adotei a música como religião. Toda semana passou a ser santa para mim. Todos dos dias.

Um dia desses, repensando minhas crenças, conclui que sou agnóstico. O tal "ateu cagão", segundo Jô Soares. Depois me senti ateu. Depois não sabia mais e mandei esse negócio de conclusão para o inferno. Livrai-nos.

Esses dias, minha mãe, ainda muito católica, me disse que a maior dor do mundo é a do silêncio. Então estou livre desse mal. Música é minha religião. Amém.

Nenhum comentário: