quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Cê para

Sou filho de nordestinos e abomino os insultos propagados depois do resultado da eleição presidencial desse ano. Abominaria mesmo se não tivesse nenhuma relação com o nordeste. Inclusive, muitos desses insultos são criminosos. Você pode odiar quem quiser, mas a partir do momento que expõe esse ódio tem que arcar com as consequências. Por outro lado, vi muita gente que também se opõe a esse discurso xenofóbico (nordestinos ou não) desejar que o povo de São Paulo morra de sede por ter votado em Aécio e ainda dizer que o senador merece ter uma overdose de cocaína.

Não foram os partidos que separaram as pessoas. Elas, inteiras, não precisam de políticos para isso. Incrível como não conseguimos conviver com diferenças em um país tão plural. Nós fingimos que aceitamos o outro até termos a chance de culpa-lo por algo que não queríamos que acontecesse. Dizem os estudiosos da Cibercultura que no futuro as diferenças existentes no mundo entrarão em conflitos violentos, uma vez que o planeta estará ainda mais conectado. Agora entendo o sentindo de "o Brasil é o país do futuro".

Nesse caso, prefiro o passado. Prefiro a arte! Que é eterna. Prefiro a música. Caetano, que apoiou Marina, diz: "É que Narciso acha feio o que não é espelho". Fagner, que levantou a bandeira tucana, empresta sua bela voz para a letra de Carlos Barroso "Tenho certeza que você gostaria dos mares bravios das praias de lá, onde o coqueiro tem palma bem verde balançando ao vento pertinho do céu. E lá nasceu a virgem do poema, a linda Iracema dos lábios de mel".

E Chico, que ficou de Dilma, nos ensina: "Para um coração mesquinho, contra a solidão agreste, Luiz Gonzaga é tiro certo, Pixinguinha é inconteste. Tome Noel, Cartola, Orestes, Caetano e João Gilberto. O meu pai era paulista, meu avô, pernambucano, o meu bisavô, mineiro, meu tataravô, baiano. Vou na estrada há muitos anos sou um artista brasileiro".

Brasileiros e brasileiras, ainda há tempo para aprender: não se combate ódio com ódio. E não existe amor pela metade. Nem no nordeste, nem em SP.

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