sábado, 1 de fevereiro de 2014

MEU bloco na rua

Ao contrário do que muita gente pensa, a música de Sérgio Sampaio "Eu quero é botar meu bloco na rua", lançada no início dos anos 1970, não é uma canção de protesto contra o governo militar que comandou o Brasil de 1964 até 1984. Sérgio fez essa letra criticando a bipolaridade que foi criada e separou os artistas tupiniquins durante os anos de chumbo.

Naquele tempo, quem fazia arte no nosso país era classificado em dois extremos: "os de esquerda", que faziam trabalhos de protesto contra a ditadura e "os de direita" que (por algum motivo) preferiam não tocar no assunto política. O bom e velho bandido, Sergio Sampaio, incomodado com essa situação, quis colocar o seu bloco na rua, guinado suas vontades para onde ele quisesse, sem precisar entrar nessa guerra fria, podendo até escolher, provisoriamente, um desses dois lados, caso houvesse vontade.

Na letra da canção, Sérgio diz: "eu, por mim, queria isso e aquilo/um quilo mais daquilo, um grilo menos disso/é disso que eu preciso ou não é nada disso/eu quero todo mundo nesse carnaval...”.

Décadas depois, ainda nos comportamos como um povo extremista, que bipolariza tudo. Basta aparecer um assunto mais polêmico que renda um debate que lá estamos nós rachando tudo entre direita e esquerda - um exemplo recente é o caso dos "rolezinhos". Fato que me faz, por muitas vezes, desacreditar em um futuro político melhor para o Brasil.

Cada vez mais quero botar meu bloco na rua e ir para longe desse carnaval.

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