segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Lá doce lar

Eu aprendi que a menor distância entre dois corpos é uma linha reta. Eu aprendi que quando estou errado, devo dar o primeiro passo rumo à reconciliação. Eu aprendi que em uma discussão, preciso ser racional. Aprendi tudo isso e muito mais com a minha mãe. Depois de uma briga besta, provocada por mim, minha velha e eu nos distanciamos. E eu aprendi que isso não faz bem.

É ruim ficar de mal com a pessoa que te avisa quando vai chover – mesmo nesse Rio de Janeiro de calor infinito. Alguém que sempre sabe a quantidade de comida que casa com sua fome e que te serve um buffet de sentimentos bons. Tudo tão natural, instintivo. Anormal é desconhecer a pessoa que mais te conhece. Alguém que já foi tua casa.

Mesmo morando no mesmo lar, lá estávamos nós, distantes. Entretanto, distância, aproxima. Corta! Iniciei o fim do nosso filme mudo. Talvez um documentário, afinal, ninguém consegue ser ator na frente de uma mãe...

Deixei o rancor no ralo da pia banheiro. No espelho, deixei um bilhete de uma linha. Reta. Pois não escrevo certo em tortas. Não fiz curso de caligrafia. Nem primeira comunhão.

“quando eu chegar, me deixe chegar até você e te abraçar”.


Quando cheguei - depois de pegar um temporal sem guarda-chuva - lá estava ela a me esperar com a porta do micro-ondas e os braços abertos, dispostos a aquecer tudo e não esquentar com mais nada. Voltei para minha mãe. Voltei para minha casa.

Nenhum comentário: