quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Odeio despedidas

No final da noite, ela falou dos assuntos mais interessantes, calou minha boca com beijos vastos, se virou e foi embora. Dei tchau tentando segurá-la entre os dedos para levá-la para casa (a dela ou a minha). Esforço inútil. Meus braços e meu discurso se perderam no vento gerado pelos cabelos daquela moça bonita, que saiu em disparo de paz.

Na semana seguinte, reprisou a cena do encontro anterior, tal qual Sessão da Tarde. Embora o conteúdo da saída tivesse sido de filme adulto.

Na outra vez que nos encontramos, perguntei para ela por que não agia como as pessoas normalmente agem na hora de ir embora. Ela respondeu:

- Odeio despedidas. Faço de tudo para parecer agradável e interessante quando estou saindo e saio discretamente. Assim, só ficam boas lembranças para a próxima vez.

Há semanas não vejo a moça. Enquanto a mensagem no Watsapp não tiver duas marcações, há uma esperança. Mas não é bem disso que quero falar.

Hoje, depois de quase dois anos, é meu último dia de trabalho no jornal Lance. Para mim, um apaixonado por futebol, foi maravilhoso poder escrever e aprender no maior veículo do seguimento no Brasil. Dominando um clichê no peito, vou viver novas experiências profissionais.

No hora do adeus, pensei bem e preferi não fazer como todos fazem. Sem essa de email avisando a saída para toda a empresa. Sem essa de almoço com o pessoal do RH, DP, portaria e recepção. Sem essa de passar de mesa em mesa abraçando os colegas.

Muitos (os mais chegados) já sabem que estou deixando o jornal e o jornal deixando um aperto no meu peito. Os outros, saberão logo. Em redação, as notícias chegam rápido.

Digo um até mais, mesmo sendo um adeus. Deixo assinada mais uma matéria, produzida com dois dos colegas mais chegados, de uma série especial sobre o descaso que a diretoria do Vasco vem tendo com seu próprio patrimônio.

Estou agindo como a moça bonita que não me respondeu no Watsapp: Faço de tudo para parecer agradável e interessante quando estou saindo e saio discretamente.

Digo para os colegas do Lance e para a moça bonita: odeio despedidas.

Um comentário:

Luiz C disse...

Que bonito, cara. Vai fazer falta no Lance!