segunda-feira, 8 de abril de 2013

Consequente

Engasgou-se com o próprio gemido. Ele percebeu. Interrompeu o amor (ou sexo) e indagou:

- O que houve?

- Nada... disse ela de forma pesada, como se essa palavra carregasse, com dificuldade, um dicionário atrás da última sílaba.

Ele continuou e logo terminou o que estava fazendo.

Ligeiramente esmagada por suas escolhas, ela ensaiou uma conversa, mas logo encerrou o ato no princípio do argumento.

O espelho do teto mais parecia um retrovisor. Por lá, ela viu refletir seu passado, suas escolhas. Quando ele chamou, sentiu as consequências delas.

Virou de lado e foi dormir um pouco. Sonhar, quem sabe. Quem sabe sonhar? Não estava feliz nem triste, muito menos poeta.

Ganhou um beijo no rosto. Suspirou. Respirou. Continuou a mesma vida que suas escolhas lhe deram de presente, ou de maldade.

(Ao som de: Clube da Esquina 2)

Um comentário:

Paula S disse...

Ui! Que forte. E verdadeiro...