terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A dança

(Crédito foto: internet)

Voltou para casa com o par de sapatos em uma mão e com o coração na outra. A tão esperada festa não acabou bem. Ela não quis falar os motivos para tanta tristeza. E não sou eu quem vai contar.

No caminho para casa, enquanto ia a pé, pensava na vida e na morte. Principalmente na segunda opção. Na verdade, parecia ser a única alternativa para a questão que forçava sua mente.

Abriu a porta. Sentiu vontade de sentir o conforto de sua casa. Sem grandes pretextos, acordes, palavras ou silêncios ensaiou dois passos para frente. Em seguida, deu dois para trás, como se quisesse ficar em cima do mundo. Superar, ser superior a tudo e todos que a assolavam.

Quando se olhou no espelho, lá estava ela mesma. Linda. O mais belo par, em um embalo aconchegante, em um abraço apertado com a Dor. Sim, ela estava dançando com a própria dor.

Passou a madrugada inteira nessa levada. Embora sua trilha fosse um bolero, sorria um samba de avenida. Logo, percebeu que havia uma estrada para seguir. E gargalhou como se os vizinhos não tivessem ouvidos.

O dia, como sempre faz, chegou. A Dor, como sempre faz, se foi. E ela, como sempre faz, ficou. Mostrou os dentes para o mundo, com os braços abertos. Talvez sabendo que seu par fosse regressar em breve.

3 comentários:

Mari ♥ disse...

Lindo! Me vi na personagem...bjs!

Claudia Assis disse...

Muito bom! Você DEVE atualizar esse blog mais vezes, rs.

Ana Sybele Felix disse...

Amei esse, acho que muitas meninas se identificarão com esse texto ao lê-lo. Ótimo escrito!