No fundo do copo. No fundo do prato. No fundo do poço. Ela me olhou e foi embora pela porta dos fundos. Deixou as gavetas abertas, vazias. No fundo, eu achei que iria durar mais tempo. Para sempre é só um momento, é o que deveriam dizer desde sempre. Fui ultrapassado. Ela, agora, está longe. Não adianta ir atrás.
“Por que está me contando essas coisas?”, disse, com raiva, a outra.
Porque a encontrei dias atrás. Eu estava no fundo de um bar. Ou de um cinema. Os lugares que eu ia com ela não importam. A chuva molhava minhas meias e isso me deprime. Mas não sei se era bem a chuva.
“E o que aconteceu?”, questionou, já se levantando da cadeira, a outra.
Ela saiu pela porta da frente sem me olhar e desarrumar nada. Então entendi o motivo: as coisas mudaram. As coisas mudam em qualquer situação.
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