quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Ser é não ser

Apesar do tempo sem postar, não, eu não abandonei esse antro de palavras perdidas. Quem abandonou alguém foi Ronaldinho Gaúcho, que deixou o Fluminense. Aliás, as criticas que fizeram ao jogador me despertaram uma reflexão. Vi muita gente (inclusive pessoas influentes) falando que R10 “é” um merda de esportista. Como assim: “é um merda”? Tudo bem que ele está longe do brilho da melhor fase da carreira, mas será que é correto dizer que alguém é? Prefiro dizer que ele "está" um merda de esportista. Afinal, um cara que já fez o que ele fez no mundo do futebol não pode ser tratado assim.

Vamos tirar Ronaldinho Gaúcho do jogo por enquanto. Vamos falar de um dos jogos prediletos das pessoas: julgar um momento, uma fase, um acontecimento de forma definitiva, como se tudo fosse estático. Estático como as ideias de quem pensa assim.

Podem reparar, basta acontecer algo que as pessoas já classificam falando em um presente continuo eterno. Muitas vezes, essas classificações não têm reparo. Quem sofre os rótulos pode levá-los para todo o futuro perpétuo.
A banda faz um show ruim: “não tocam nada”; a moça se veste mal: “é feia pra cacete”; o carro falha: “essa porra não anda nada”; o texto não agrada: "esse cara é um merda, não sabe escrever”, nesse último caso está certo.

Conheço uma moça (não vou revelar o nome, pois a história é delicada) que desistiu do jornalismo porque certa vez um editor disse, por conta de um erro de apuração, - em voz alta para todos os colegas ouvirem - que ela era uma péssima repórter. Um fato isolado na carreira uma profissional que, apesar de não ter muito tempo de estrada, já havia publicado excelentes trabalhos. Tentaram convencê-la de não largar a profissão, mas não teve jeito. Deixou um sonho para trás. Muito triste.

Eu, na minha condição de sujeito simples que valoriza os predicados das reflexões, não acentuo essas ideias finalizadas e finalizadoras. Em poucos casos, nós “somos”. Na maioria das vezes, nós “estamos”. Logo, acho válido que “estejamos” sempre preocupados em não fazer ninguém “ser” infeliz.

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