O começo do fim

Começa aqui o Apocalipse virtual. Eu criei um blog. Só posso prometer surpresas. Maldita Inclusão Digital. Fiquem com um conto de minha autoria, só pra oficializar o começo do fim...

Vida sua

Era sexta, era noite, chegou do trabalho, cansado como de costume. Tomou um banho, pôs um filme para assistir, o filme acabou assim como acabam o amor e os pacotes de biscoito. Resolveu fazer algo para jantar. Jantou, era cedo para dormir, devorou um livro, tomou um pouco de whisky...

Parecia um dia normal assim como o mundo que o cercava. Sentia-se um estranho no ninho, nada lhe era parecido ou bom, exceto sua solidão. O dia só não foi tão normal por que bebeu mais do que o de costume. Caminhava mais perdido que cego na faixa de Gaza. Tentava ir para a cama perto da porta, abriu uma gaveta que nunca era requisitada... Uma mão segurou a sua, o levou para a noite, para o mundo, um mundo que não via há muito. A solidão havia fechado seus olhos, exceto nos dias que recebia visitas rápidas de moças vestidas com pouca roupa. No mais: livros, discos, filmes e solidão ou liberdade.

Aquele mundo todo era fascinante, pessoas em movimento, bares boates bebidas brigas, tudo era diferente de suas noites solitárias. Rapazes moças...
E seguiram de mãos dadas, em todo aquele ritmo frenético, muitas luzes, muitas doses, muitas vidas, muitas...

No fim da noite, um lugar calmo, um beijo. Um gosto que nunca sentiu uma pele de seda que nunca tinha visto, mas não vai esquecer. Sua vida não fazia tanto sentido depois daquele tocar de lábios. Viu que a vida não era só o que tinha antes no passado, era um presente, era um futuro.

Em casa, o Sol no rosto e no resto. Dor na cabeça, não sabia se seus pés estiveram no chão, ou se havia voado a noite inteira. Mas sabia: era hora de viver. Era livre. Tinha que ir trabalhar.

(Ao som de: Engenheiros do Hawaii - Várias Variáveis)